Friday, October 06, 2006

Aposentem o Brian De Palma

Não dá para ser um diretor inovador a vida inteira. Alguns se reinventam, como Scorsese. Outros, ficam ainda mais incompreensíveis, como o Lynch. Woody Allen perdeu a mão. Bergman foi comprou uma ilha e desapareceu. Mas Palma é um obstinado. Palma continua insistindo. "Missão Impossível" foi um lixo? Tudo bem. "Femme Fatale" provocou risadas involuntárias? Sem problemas. A missão dele é se superar. E amigos, finalmente ele conseguiu. Com o lamentável "Dália Negra".

O filme tem um roteiro canastrão, pessimamente adaptado de um livro do James Ellroy. Mas a época de ouro de Hollywood era pródiga em roteiros canastrões (sejamos francos, que diabos é "Casablanca"?) e ainda assim a coisa funcionava. Mas na "Dália" nada, NADA, funciona. A começar pelos atores. Josh Hartnett podia estar fazendo qualquer coisa da vida, menos atuar. Mas, em vez de ir jogar vôlei, sei lá, ele resolve que quer ser ator. E, o pior, ator sério. Aturar JH bancando o policial durante duas horas não é fácil. E ele é um daqueles "atores" que cismam em reagir a todas as cenas. O problema é que a gama de expressões dele é curta, então são duas horas franzindo os olhos (já naturalmente franzidos) e contorcendo a boca. Nem mesmo o figurino sempre correto do Dante Ferratti consegue fazer com que a gente acredite que ele trabalha na polícia. É um garotão fantasiado de Bogart.

Aaron Eckhart, um ator razoável, por algum motivo insuspeito está medíocre - histriônico, cheio de cacoetes, acelerado. E as mulheres, bem, as mulheres são objetos de cena decorativos, algumas mais do que as outras. Scarlett Johansson está linda, e só. A sensação que é que ela gravou todas as cenas em único dia: só aparece dentro de uma casa, fumando. Ocasionalmente, ela muda de roupa e mostra as coxas. Mas a participação se limita a isso aí: uma piteira bonita e um super batom. Como todo o resto do elenco, o seu personagem é vazio e sem propósito. Uma caricatura imprecisa de uma época tão rica que merecia uma direção de arte mais caprichada. Sem contar na própria Dália Negra, cuja história serve de pano de fundo para o filme: aliás, pano é exagero - é um trapinho, coitada. Merecia coisa muito melhor em termos de cinebiografia. Nêgo entra no cinema e vai embora sem saber quem ela foi, o que fez, o impacto que o seu assassinato causou. Para a grande maioria dos espectadores, Betty Shore era uma atriz ruim, semi-lésbica, que morreu cortada no meio.

Hilary Swank - que eu detesto com todas as minhas forças - está lá, fazendo uma ricaça que só usa o mesmo vestido preto. A cara do Diogo Vilela. Alguma pessoa míope a escalou para ser a sósia de Mia Kirschner. Mia é bonita, delicada. Hilary parece um travesti pugilista. Mas no mundo bizarro de Palma, tudo deve fazer algum sentido. Até mesmo as cenas constrangedoras de Fiona Shaw na mesa de jantar.

Resumindo, saí do cinema com duas certezas: a primeira é que Brian precisa se aposentar urgente. E a segunda, é que eu talvez tenha me precipitado ao dizer que "Nárnia" é o pior filme de todos os tempos. Ao que parece, ele acaba de encontrar um concorrente de peso.

7 Comments:

At 4:53 PM, Anonymous Anonymous said...

O filme é lo o o o o o o...ngo!
Tem cenas sem pé nem cabeça, como a do jantar na casa da família da Hillary Swank. E a introdução lo o o o o o...nga sobre os tiras boxeadores.
Os personagens não têm motivação e todos estão muito canastrões.
Eu gostei da Dália Negra, mas ela só aparece nos filminhos, muito pouco...
O ator principal é gato mas parece jogador de vôlei mesmo! É a cara daquele Giovane que era (acho) da seleção brasileira!

 
At 5:38 PM, Anonymous Anonymous said...

Olha é de doer a alma! Fui ver na esperança de gostar pelo menos da época retratada pelo filme: a Hollywood dos anos 40, época que me atrai deveras...Mas o filme é tão vulgar, superficial e exagerado que mais parece uma telenovela atual baseada nos anos 40 mesmo. Nada funciona, desde a escalação equivocada do elenco até o roteiro mal adaptado. Poderia ser um grande filme, mas não é. Quanto ao elenco equivocado...Bem, os atores principais estão artificiais, as atuações são óbvias e limitadas a um mar de caras e bocas...Já as atrizes, um pouco superiores, não tem muito o que fazer no filme. Scarlett Johanssen é a mulher fatal boa, vestida de branco, ela nada faz, só se move para sustentar sua piteira. Parece uma foto de Lana Turner: bela e estática. Hillary Swank é a mulher fatal má, só se veste de preto, faz um pouco mais que a Scarlett, mas o grande problema da Swank é aquela boca de sessenta dentes, a boca limita o seu talento, é uma boca traíra: a sensação que se tem é que antes de Hillary Swank entrar em cena a sua boca chega primeiro revelando todas as suas nuances interpretativas. Sendo assim, a sua atuação é sempre uma atuação sem surpresas...Culpa da boca!!!!

 
At 4:16 AM, Anonymous Anonymous said...

Não vi o filme ainda, mas preciso discordar em uma coisa: "As Crônicas de Nárnia" não é o pior filme de todos os tempos. Duvido mesmo que "A Dália Negra" seja, ainda que os relatos sejam contundentes.
A pérola "Dr. T e as mulheres" leva essa FÁCIL.

 
At 7:21 AM, Anonymous Anonymous said...

A Swank como uma mulher fatal é de doer! Desde quando o jacaré é sexy?!?! Tô fora!!!

 
At 2:55 PM, Anonymous Anonymous said...

É verdade! A Hillary Swank parece com a Cuca!!! Nunca tinha percebido isso!!! E Gaburá...As Cronicas de Narnia é de doer de ruim, nada se compara ao figurino Super Xuxa Contra O Baixo Astral da feiticeira...E os castores falantes???? O que é aquilo??

 
At 12:44 PM, Anonymous Anonymous said...

Sim, sim, concordo. Além disso, tem que haver alguma coisa errada com um filme quando o personagem mais carismático é um Grifo que aparece ao todo cerca de 67 segundos.
Mas vai ver "Dr.T..." e depois a gente conversa.

 
At 4:15 PM, Anonymous Anonymous said...

Hehheeheheheheheee....

 

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