Thursday, December 28, 2006

O Melhor de 2006

Bem, meu polvo, a hora é essa...
Sei que vai ser difícil, e vai dar pano pra manga de mais uma das discussões que a gente tanto gosta, mas a proposta é: escolha o seu filme de 2006.
E por mais que te doa, tem que ser um só. Apesar do quê, numa safra magra como a desse ano, pode ser que seja barbada. Mas eis que chegou a hora de apontar o seu preferido e tentar chegar a algum consenso (e segue a batalha Gaburá X Bruno, hehehehe).
Pois bem, o MEU eleito de 2006 é, em franca vantagem:

"V de Vingança" - FILMAÇO, em todos os sentidos. Natalie Portman bem, John Hurt perfeito, Hugo Weaving... cara, quando um ator não precisa mostrar a cara pra roubar a cena, eis que (mais uma vez) o talento tá mais do que provado. E essa é uma das maiores mazelas que as adaptações de heróis de quadrinhos enfrentam, os rostinhos que teimam em aparecer mais do que as máscaras, verdadeiros personagens das histórias. Além disso, foi um dos poucos a passar com louvor pelo "Crivo Ivana de Qualidade" - leia-se: não permitiu que minha Linda esposa dormisse e muito menos que PERGUNTASSE DEMAIS durante a exibição. Mais do que isso, ela está me aporrinhando pra comprar o DVD. Vou fazer esse enorme sacrifício.
Mas é isso. Degladiem-se agora :)

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Monday, December 18, 2006

Bond, James Bond


Daniel Craig é o cara.
"Casino Royale" pretende ser o filme que reinventa o 007, aquele cara de quem todo mundo cresceu acostumado a aceitar e se divertir com as maiores mentiras do cinema, até aparecer o John Woo e mostrar que mentira é com ele mesmo e ninguém barra.
Não que o 21º filme do espião não tenha mentiras deslavadas, claro que tem, senão não é filme do 007... Mas desta vez a preocupação da história (do mesmo diretor do já excelente "Goldeneye") é construir o personagem, mostrar que chegar onde ele chegou não foi tão fácil assim e que houve sim um preço a pagar pela própria alma.
Dito isto, duvido que houvesse um cara mais adequado que o Daniel Craig para ilustrar as emoções contidas a ponto de uma quase implosão nos momentos em que a consciência do Bond pesa, entre um rompante de ego e outro. Em determinados momentos, a cara vermelha, os olhos esbugalhados e marejados, a jugular quase estourando e o bico-de-pato conseguem passar pra quem (como eu) está ali doido pra ver é porrada, o quanto o cara está sofrendo, o quanto de angústia está ali atrás daquele semblante inabalável.
A sequência de abertura é um show à parte... nada mirabolante como as outras, mas de uma violência quase visceral, que deixa claro desde o início que 007 mete a porrada, atira, mata... mas que não permanece tão indiferente assim. E isso tudo sem exprimir uma palavra, um pensamento, um piscar de olhos... o cara tem talento mesmo, MH tem razão. Entrou até no meu rol de atores pra encarnar o Wolverine (ainda esse papo?), mas como ele é quase carequinha, não ia muito longe.
À essa altura, é inevitável traçar comparações entre os seis atores que vestiram o smoking e atiraram com a Walter PPK. Gosto de todos, apesar de não gostar de todos os filmes. Gosto do cinismo do Sean Connery, do bom-humor do Roger Moore (esse coitado, que teve que passar pelo maior mico de todos fazendo aquele "007 contra o foguete da morte", ruim de doer, passando por um Rio de Janeiro ridículo e pra lá de caricato, e mesmo assim não perdeu a pose), do ar de "quê-que-eu-tô-fazendo-aqui" do George Lanzenby (que acabou fazendo um dos melhores filmes da série na minha opinião, ao lado do "Homem da Pistola de Ouro" e "O mundo não é o bastante", além do "Casino"), da deprê do Timothy Dalton e do mau-humor contido do Pierce Brosnan. Mas sinceramente, duvido que algum deles conseguisse dar ao seu James Bond a tour-de-force necessária para um estudo aprofundado do personagem como o Daniel Craig.
Gostei muito, o cara ainda por cima é bom de porrada...
O nome é Craig, Daniel Craig.

Monday, December 04, 2006

Ava Gardner.


Ava Lavinia Gardner nasceu no dia de Natal de 1922 para alcançar o estrelato máximo 26 anos depois. Na realidade foi tudo por acaso. O estrelato nunca foi o objetivo desta jovem tímida e apaixonada pelos campos típicos de sua terra, a Carolina do Norte. O grande sonho de Ava Gardner era ser fazendeira, proprietária de terras como a sua ascendencia proclamava, sua família era oriunda da Irlanda...
Mas o destino reservou outra coisa para esta mulher de beleza espetacular! O seu cunhado, casado com sua irmã mais velha, enviou umas fotos de Ava para MGM. E ela logo foi contratada, para sua surpresa e a de sua irmã... a MGM não poderia descartar aquela jovem de beleza inumana.
Ava Gardner se tornou conhecida por sua beleza lendária, virou um mito da beleza. Para Cocteau era O ANIMAL MAIS BELO DO MUNDO, para Hemingway era a ESSÊNCIA DA FEMINILIDADE. Ela recebeu vários rotulos....bobagem! De fato foi linda, mas houve outras mulheres belíssimas no cinema, portanto, Ava Gardner não se firmou no Olimpo por ser bonita, e sim por ser Ava Gardner!!!
Mais do que a beleza, o que realmente causa fascínio é a persona de Ava. Ela foi uma mulher inquieta, uma alma transgressora para época, de fato moderna antes do feminismo. Foi casada 3 vezes ( com Mikey Rooney, Artie Shaw e Frank Sinatra), mas sempre fez o que lhe deu na telha! Falava o que pensava e fazia o que queria. Sua sensualidade e erotismo eram de uma honestidade ímpar. Digo isso porque é justamente a sua persona que marca o seu estilo de atuar nas telas, um estilo agressivo e sensual, intuitivo e passional. Segundo Gregory Peck "era difícil dominar Ava, em virtude da sua grande força de caráter, sua honestidade, sua beleza irreal. E isto era verdade mesmo que ela não fosse como aquelas atrizes que lutam e brigam e se esforçam para dominar todas as cenas. Ava se satisfaz em deixar que outra pessoa seja dominante. Mas é claro que ninguém consegue, pois ela está ALI. Ela tinha uma força natural e seus sentimentos estavam muito enraizados. Para mim ela cresceu até transformar-se numa grande atriz. Há muitos anos venho dizendo isto para ela, mas ela nunca acrdita".
Ava Gardner nunca se levou muito a sério como atriz, nunca se considerou grande, essa humildade sem dúvida nenhuma contribuiu para seu crescimento nas telas. Ela era uma atriz impactante, um exemplo do seu talento intenso está presente em A Noite Do Iguana, excelente filme do mestre John Huston.
Seus melhores filmes são: Assassinos, Pandora, Mogambo, A Hora Final, A Noite Do Iguana, A Bílbia, Os Cavaleiros Da Tavola Redonda, A Maja Desnuda e a Condessa Descalça.

Sunday, December 03, 2006

Dicas de Clássicos - Hollywood

Nosso bom amigo Affonsinho sugeriu o tópico e aqui está: vou começar com meu top 10 dos clássicos americanos. Esclarecendo, de cara, que quase todos os diretores dos meus clássicos americanos prediletos ... são gringos! Não é curioso que os criadores oficiais do 'american-way-of-life' não sejam produto dos EUA? Mas isso já é um outro papo - ou tópico.

1. "Crepúsculo dos Deuses", 1950, de Billy Wilder (austríaco)

Um dos melhores roteiros do cinema - sem exageros. Impecável. Elenco perfeito e insubstituível (com destaque óbvio para Gloria Swanson), diálogos inteligentes, história quase dark. Direção genial do grande Billy Wilder, que produziu outras obras-primas como "Pacto de Sangue" (1944), "Testemunha de Acusação" (1957) e "Se Meu Apartamento Falasse" (1960).

2. "A Malvada", 1950, de Joseph L. Mankiewicz

Para quem nunca viu um filme com Bette Davis (talvez uma das maiores atrizes de todos os tempos), a melhor pedida é começar com 'A Malvada'. A trama é engenhosa, cruel. O roteiro é uma pérola. E é um filme que perdura na cultura pop até hoje, uma verdadeira referência cultural/cinematográfica. Para quem não sabe, o "Tudo Sobre Minha Mãe" do Almodóvar foi uma homenagem ao clássico (o título original da "Malvada" é "All About Eve") e a novela "Celebridade" do Gilberto Braga também. Obviamente, o produto original é o produto original. Consumam, é de excelente qualidade.

3. "Janela Indiscreta", 1954, de Alfred Hitchcock (inglês)

O meu favorito de Hitch. Todos os filmes dele são obras-primas, mas se eu tivesse que escolher só um, ficaria com "Janela Indiscreta". E explico: nenhum outro cineasta (vivo ou morto) conseguiria desenvolver com tanta maestria uma trama de suspense que se resume a um fotógrafo de perna quebrada, que testemunha um assassinato no prédio em frente sem querer. O filme é praticamente isso: James Stewart na janela, vigiando os vizinhos. E é de tirar o fôlego. Destaque para Thelma Ritter, como a enfermeira e para a inexplicavelmente linda Grace Kelly (o melhor close dela está nesse filme). Para os que não acreditam que Hitchcock é capaz de fazer qualquer coisa, experimentem ver "Festim Diabólico". Rodado praticamente todo em plano-sequência. Uma aula de cinema.

4. "Cantando na Chuva", 1952, de Stanley Donen e Gene Kelly

O meu filme favorito. De todos. De todos os tempos. O que eu levaria para uma ilha deserta. Não tem o que comentar: é debochado, inteligente, genial. Mesmo para quem não gosta de musicais.

5. "Quanto Mais Quente, Melhor", 1959, de Billy Wilder

Uma das melhores comédias já feitas até hoje. E, de quebra, com um dos meus atores favoritos (Jack Lemmon) e com a minha querida Marilyn Monroe.

6. "Um Bonde Chamado Desejo", 1951, Elia Kazan (turco)

Visceral. Inesquecível. Não pode ser traduzido em palavras. Vejam, pelo amor de Deus.

7. "Do Mundo Nada Se Leva", 1938, de Frank Capra (italiano)

Frank Capra foi o grande otimista do cinema americano, especialmente no período da Segunda Guerra. Os filmes dele são idílicos, pueris, inocentes. Mas engraçados, repletos de bons atores e de histórias românticas. Vale a pena conferir pelo menos um, nem que seja o badaladíssimo "A Felicidade Não se Compra". Eu escolhi o outro por razões sentimentais: era um dos filmes favoritos do meu pai.

8. "O Mágico de Oz", 1939, Victor Fleming

O must da minha infância. Não dá para não ver.

9. "Casablanca", 1942, de Michael Curtiz (húngaro)

Nada faz sentido. O roteiro é um lixo. Ingrid Bergman confessou anos depois que nem ela sabia o que estava fazendo, que ninguém explicava nada direito e os diálogos eram escritos na hora. O filme não tem uma premissa plausível, os flashbacks são risíveis e Bogart nunca esteve tão canastrão. Mas, poxa, é o clássico dos clássicos, e tem "As Time Goes By". Perdoadíssimo.

10. "... E O Vento Levou", 1939, de Victor Fleming

Cara, tem Vivien Leigh fazendo Scarlet O'Hara. Simplesmente o MELHOR personagem de todos os tempos. A melhor adaptação de um romance para o cinema já feita, não tem uma cena sequer sobrando. Um épico mágico. Eu vejo todo ano. E é pouco.

Olha, essa é só uma primeira lista. Já sei que vou me lembrar de pelo menos mais trinta assim que terminar de postar. Preciso colocar filmes com as grandes divas de Hollywood: Marlene Dietrich, Greta Garbo, Ava Gardner, Katherine Hepburn, Elizabeth Taylor... Ufa! Vai dar trabalho.

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