Friday, September 22, 2006

O Salto Afiado De Meryl Streep.

Fui ver o Diabo Veste Prada e me diverti horrores. Ok, é um filme meio superficial sobre o mundo da moda, mas é divertido pacas! Tudo relacionado ao mundo da moda está ali de forma cínica: o culto a magreza, a ditadura da estética, a afetação das posturas, a falsidade nos gestos...Mas, por outro lado, a moda também é mostrada como um grande negócio envolvendo milhões e que deve ser administrado por mãos de ferro e esmaltes vermelhos...E esse é o caso de Miranda Priestly, a editora de moda brilhantemente interpretada por Meryl Streep ( a melhor atriz norte americana de sempre). Sim, Miranda pode ser insuportável, calculista, fria e arrogante, mas precisa carregar no colo, elegante diga-se de passagem, a Bíblia da moda: a revista Runway ( Vogue para os mais íntimos); ou seja, uma responsabilidade que exige uma postura de Catharina A Grande. Sem dúvida a melhor razão para se assistir a esse filme é o salto afiado de Meryl Streep. E que salto!! A atriz atua sutilmente expressando suas emoções através dos lábios crispados e das sobrancelhas levemente arqueadas ( Bette Davis deve estar feliz). Meryl nos brinda com uma atuação enfadonha, distante e gélida ( sua voz nunca muda de tom), mas expressa ao mesmo tempo uma centelha de humanidade, sim, Miranda é humana e é isso que torna tudo tão engraçado e trágico ao mesmo tempo, no mundo da moda é uma imperatriz galante, em casa é uma esposa infeliz e uma mãe precupada. Já Anne Hathaway ( uma versão fisicamente melhorada de Penelope Cruz) vive a personagem Andy Sachs, a infeliz jornalista recém-formada que vai trabalhar na Runway, emprego que milhões de garotas sonham, ela não entende nada de moda e sofre sob os saltos afiados de Miranda, a poderosa editora chefe. Anne está muito bem no papel, sua atuação é simpática como o papel exige, mas é a outra assitente, Emily, vivida pela excelente Emily Blunt ( guardem esse nome) é quem brilha, a Emily de Emily expressa uma tensão quase patética, uma amargura cômica e uma sempre desesperada anorexia, a sensação é que ela esta prestes a explodir, tudo em nome da Runway... Quem ficar incomodado com o tom over dos figurinos não se engane, pois a idéia é justamente essa, afinal esse filme é uma sátira cínica e bem humorada sobre o glamour do mundo Fashion.

Thursday, September 21, 2006

Ok...Os piores até agora:

As Crônicas de Nárnia.


O filme é uma salada a la Disneylandia totalmente sem propósito. Não dá para levar a sério uma película que contém um Leão que é Jesus Cristo, uma Judy Garland anã, uma feiticeira vestida de Super Xuxa Contra o Baixo Astral, um Papai Noel que fornece armas ( !!!) e todo o elenco de Bambi??????? Nada mais insuportável do que animais falando...Urgggggggggg. Nota Zero!!!!

Capote.

Pois é achei uma bomba! E daí que é o queridinho da crítica e dos premios "sérios"? A estória de Truman Capote, espécie de Dr Fausto do mundo das celebridades é até interessante, mas o filme é didádico demais, frio e sem alma, não há uma brisa ali... O protagonista sempre com ares de eu-sei-que-sou-bom-ator me lembra muito o garotinho do presunto Sadia ( aquele do este não é..Lembram???) por isso não consigo gostar de sua atuação afetada. Agora a pergunta que não quer calar: porque a Catherine-pouca-testa-Keener concorreu pela segunda vez ao oscar??? O que essa moça tem???? Alguém pode me responder??

X Men III.

Um festival super heróico de constrangimentos...Duas tramas paralelas que ficam no meio do caminho, o cabelo sem noção da cometa Hally Barry, uma Fenix Negra anemica, um Anjo que não diz a que veio, um Wolverine totalmente perdido, um cemitério numa escola de mutantes que lembra o projac e vilões com o look totalmente anos 80 ( Nina Hagen deve estar rolando no túmulo, gente por onde anda a Nina Hagen?) isso não poderia dar em boa coisa. Lastimável.

Memórias de Uma Gueixa.

Quimono Fake. Um filme onde o rigor dos costumes das gueixas foi para o espaço. O que vale mesmo é buscar o principe encantado, o resto é o resto...E olha que o resto envolve uma cultura milenar totalmente mal interpretada. Tudo soa grosseiro, artificial e irritantemente ocidental. Fizeram da Zhang Ziyi uma Leslie Caron de Kioto, Michele Yeoh se transformou em Jane Seymour e Gong Li está mais para Isabelle Adjani em A Rainha Margo do que para uma Gueixa de estirpe. Um saco colorido e vazio.

Missão Impossível III

Não vi, mas deve ser uma bomba. Alguém ainda aguenta o sorriso do Tom Cruise???????

Silent Hill.

O horror dos horrores. Um filme que será lembrado pela ausência de qualquer sentido ( já percebi que adaptações cinematográficas de jogos eletronicos geralmente não tem sentido nenhum). Nada se sustenta, é uma confusão de cenas cujo o objetivo é assustar, mas tudo soa tão confuso, tão barroco-gótico, que lembra na verdade qualquer clip moderninho da MTV. É uma espécie de Crônicas de Nárnia do além...Melhor que fique por lá.

Tá, e os piores?

Agora que já mostramos que somos bons e generosos, está na hora de fazer o que fazemos melhor: falar mal dos outros.

1. Memórias de uma Gueixa
É tão ruim que nem sei por onde começar. Acho que pela Ziyi. Não vou nem me cansar explicando que uma chinesa jamais poderia interpretar uma gueixa. Todo mundo sabe disso. É uma questão de bom senso visual. Enfim. Não satisfeitos com a chinesa, ainda colocaram Michelle Yeoh para fazer a Mameha. E a Mameha do Rob Marshall (sim, ele mesmo, o coreógrafo que virou diretor) é uma havaiana com balayage no cabelo! A gueixa mais tradicional de todas, de cabelo solto e pintado de loiro! Mas isso não é tudo: ainda existe um roteiro superficial, um cenário de papelão, uma direção de arte equivocada e a cena mais constrangedora do cinema - depois de Camila Morgado anunciando que está 'grávida de Luiz Carlos Prestes' em 'Olga' - a apresentação da gueixa Sayuri. Saca Jennifer Beals em 'Flashdance'? Demi Moore em 'Striptease'? Pois é. É por aí. Resumindo: a gueixa-ocidental-go-go-girl de Rob Marshall é a figura mais todaerrada do ano.

2. O Código Da Vinci
Tem Tom Hanks. Tem Audrey Tatou. Tem Jean Reno fazendo o mesmo personagem de sempre. Sir Ian se divertindo horrores de muleta. Paul Bettany disfarçado de Guilherme Fontes em 'A Viagem'. Tem muitas horas de projeção, o roteiro mais Colibri do mundo e flashbacks históricos. Mas o melhor mesmo é no final, quando eles entram na sala secreta depositando uma moedinha. A super sala secreta, com todos os documentos secretos, se abre com uma moedinha. Eu falei que os membros do Priorado têm crachás de identificação? Bom, vou deixar essa parte para o Bruno.

3. X-Men III
Não que eu tenha gostado do 1 e do 2. X-Men tem o casting mais bizarro de todos os tempos. Ou vocês acham de coração que a Anna Paquin podia ser a Vampira? E o que dizer da Halle Berry de Tempestade? E o Jackman de Wolverine? Enfim. A coisa já começou mal e posso dizer que terminou pior ainda. Ainda bem que colocaram um 'LAST' no título. Se bem que não dá para confiar muito nessa gente.

4. As Crônicas de Nárnia
Simplesmente o pior filme de TODOS os anos. Vai ser duro bater Nárnia. Bom, talvez o próximo Nárnia consiga ser ainda mais deprimente. Crianças idiotas, personagens óbvios, uma rainha com uma coroa de plástico na cabeça. Quase um filme da Xuxa.

5. Brokeback Mountain
Não se engane. O beijo gay não é polêmico. A grande ousadia do filme é o Heath Ledger. É de fato chocante ver um ator medíocre como ele conseguindo um trabalho atrás do outro. O sujeito não consegue nem falar! Ele abre a boca e não sai nada lá de dentro, só um sopro. É a versão americana do Murilo Benício - seguidores da linha Popeye de dicção. História de amor my ass. Aquilo ali é o atestado definitivo de que Ang Lee está senil (pelo amor de Deus, gente, o cara dirigiu 'Hulk').

Minha lista dos melhores até agora...

Esse ano está muito dificil, bombas cinematográficas voam por todos os lados...Mas alguns filminhos se salvam. Os meus adotados e adorados até agora são:

V de Vingança.

Um filme poderoso. Bem dirigido e bem editado. Um clima tenso e belíssimas imagens em vermelho. Natalie Portman está radiante, não deem ouvidos a implicancia de Heloisa...Ela realmente implica com a coitada da Portman, tudo bem que ela tem cabeção, mas é boa atriz. É um filme amargo e cínico, um soco no estomago dos EUA...Corajoso do início ao fim. Por isso gostei.

Orgulho e Preconceito.

Eu sei...Eu sei!!!! Parece estória de mulherzinha, mas não é! É um belo filme com um belo elenco. A direção de arte é impecável, todos suados e meio sujos como os ingleses daquela época deveriam ser. O filme se atenta aos detalhes, aos olhares e mãos tremulas, por isso é um belo exercício visual...O único senão é o roteiro corrido, algumas tramas se perdem, o que é uma pena.

Instinto Selvagem II.

É o filme mais picareta do ano, e por isso mesmo delicioso. Nada ali é para ser levado à sério. Tudo é artificial, cliche e canastra...Sharon Stone tem a pior/melhor atuação de sua carreira. Ela expressa um festival de caras e bocas lembrando as saudosas chacretes do Velho Guerreiro. Percebe-se que ela se diverte a rodo nesse filme...É um lixo de ouro, uma pérola de lama...

Little Fish.

Porque tem Cate Blanchett porra!!! Se tem ela já vale à pena ok??

Match Point.

Uma pequena obra prima de Woody Allen, um ensaio sobre a miséria humana. Talvez o filme mais sério de Woody Allen desde Interiores. Scarlett Johansson é pura impetuosidade carnal...Lana Turner deve ter encarnado no seu busto.

Superman o Retorno.

Porque é um filme lírico como todo grande épico deve ser. ..É um filme de citações constantes: Metrópolis e Frank Capra andam por ali. Belamente iluminado. É uma trama simples e inocente, ingênua como as películas dos anos trinta e quarenta...Por isso funciona, é um filme sem pretensões. Discordo da Heloisa...Gostei da Lois Lane, tenho medo da outra, a Margot Kidder, tem cara de vampira psicopata urgggggggggggggg....

O Corte.

Grande filme do Costa Gravas. Uma comédia cruel de um humor negro impecável. O elenco é brilhante e a trama é um convite a reflexão, nada mais atual do que o problema do desemprego não? Mais um tiro certeiro do mestre Gravas.

O Clube da Lua.

Essa filme argentino é uma graça. Humor e poesia se misturam para retratar um grupo de amigos tentando manter vivo o clube de suas infancias. O elenco afinado provoca inúmeras identificaçoes...Sim, são gente como a gente, e por isso rimos e choramos, torcemos por eles com afinco e no final dessa pequena obra prima queremos ir para Buenos Aires abrir um clube.

Melhor Cena:

Mia Farrow como uma babuína feroz e sangunária aos urros pulando nas costas do protagonista de A Profecia o Remake, o filme é qualquer coisa, mas Mia não! Essa cena vai ficar para estória...

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Melhores de 2006 - até agora

Todo mundo sabe que eu não gosto de nada, mas aí vai o meu top5 de 2006:

1. V de Vingança
Gosto do roteiro, gosto do ritmo, gosto da ousadia. Só não gosto de Natalie Portman, aquela pessoa que já acorda melhor-atriz-do-mundo, que nunca se desmonta (nem careca).
2. Rent
Paciência, sou cafona mesmo, adoro musicais, adoro Broadway. E Rosario Dawson está linda.
3. Walk the Line
O filme é longo e meio careta, mas Reese e Joaquim estão maravilhosos. Quase pintei o meu cabelo para adotar um look June Carter. Sem contar que foi o único filme do ano no qual eu e Bruno ficamos em silêncio no cinema - coisa rara, Mariana que o diga.
4. Superman
Bruno já deve ter suspendido as sobrancelhas, mas eu me explico: assim como disse o Gustavo, o filme é cheio de homenagens - desde os créditos bem anos 80 até a voz de Marlon Brando. O elenco não é lá essas coisas - Spacey está apagado, conseguiram enfeiar Parker Posey, Bosworth ainda precisa comer muito na Mineira para ser Lois Lane e o Brandon Routh, bom, o cara é ruim, mas quem disse que Superman precisa atuar? Ele só precisa ser bonito e equilibrar carros na cabeça.
5. Instinto Selvagem 2
Sharon Stone com uma franja ridícula, a cara da Angélica. Um galã horroroso, com péssima dicção. Charlotte Rampling, fazendo uma ponta, querendo dar uns pegas em Tramell. Tudo isso em um cenário artificial, com diálogos ainda mais canastras do que no primeiro. Preciso falar mais? Um clássico.

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Wednesday, September 20, 2006

Fábula Na Piscina.

Olha concordo...Confesso que fui assistir a esse filme com medo... medo de perder meu tempo com mais uma bomba a caminho, sim, porque este ano bombas estão pipocando nos cinemas....Pensei:"vou ver esse filme para falar mal, detonar". É bom falar mal e detonar não é? Mas não deu...Gostei da Dama...Gostei da água...Gostei do Filme...É um filme simples e ambicioso ao mesmo tempo, simples porque tudo se passa no quintal de um subúrbio, ambicioso porque se trata de uma fábula pretensamente urbana. Uma ninfa na piscina, nada mais absurdo e familiar: uma ninfa na piscina de um prédio é mais próximo do nosso cotidiano do que uma ninfa no Monte Olimpo, ou seja, o cenário do filme é bem real, verossímil, mas a personagem central não..E é isso que torna o filme fascinante. Um elemento completamente mitológico no meio de um contexto mundano...Isso torna a atmosfera do filme estranha, porém atingível, parece que podemos tocar na ninfa, ou narfe como é identificada, justamente porque ela está numa piscina e não na Terra do Nunca. O brilhantismo está no uso original dos espaços: é no meio de um pátio, de um prédio do subúrbio, e só ali, que uma fábula, um conto fantástico se desenrola...Não há florestas encantadas, cidades de ouro, guerras intermináveis...O que há é um pátio e uma piscina!!!! É nos cantos de uma sala que toda criança cria sua mitologia, é embaixo das camas que estão os duendes...Essa capacidade imaginativa da infancia é bem expressa pela Dama Na Água.

A Dama na Água

Eu estava preparada para qualquer eventualidade. Afinal, M. Night não é de confiança. Depois do sucesso fácil de "Sexto Sentido", ele quis virar o Orson Welles do gênero e nos presenteou com alguns filmes duvidosos - entre eles o constrangedor "Sinais" (Mel Gibson de padre? Acho que não) e o pretensioso "A Vila". A idéia de aturar uma fábula infantil que se passa num condomínio insalubre, com Bryce Dallas ainda por cima, assusta qualquer um. Mas eis que o filme é bom: pequeno, modesto, sensível. Não sei porque nêgo tá metendo o pau. É o melhor filme do cara até agora.